terça-feira, 30 de março de 2010

A Construção da Terceira Via - parte 1

A Terceira Via não é sinônimo de terceiro lugar nas pesquisas. A Terceira Via é um caminho alternativo, uma opção além de A e B. Pode estar em terceiro, quarto ou quinto lugar na largada de uma eleição. Isto não importa. O que importa é a capacidade que a Terceira Via demonstra, durante a campanha, de agregar eleitores descontentes com A e B, além, é claro, de mostrar poder de arranque, sem o qual nenhuma Terceira Via torna-se viável.

Portanto, em primeiro lugar, é indispensável que exista uma predisposição para o surgimento de uma terceira via, ou seja, um percentual grande de eleitores que já estão saturados do caminho A ou B. Em segundo lugar, mas não menos importante, vem o poder de arranque de uma candidatura.

Se o seu candidato preferido ainda não tiver se mostrado competitivo, chegando perto dos primeiros colocados, o eleitor o trocará, sem dúvida, pelo menos ruim, em sua opinião. Ou seja, vota contra A ou B. No Rio Grande do Sul tem sido o voto a favor ou anti-PT que tem prevalecido, polarizando as eleições. Mas se o candidato tiver demonstrado crescimento sustentável, pesquisa após pesquisa, o eleitor aposta na terceira via, esvaziando uma das duas candidaturas principais. Deste momento em diante o “candidato” passa a atrair votos de outros candidatos, como se tivesse um campo gravitacional próprio. E sua candidatura torna-se forte e viável.

Por que o poder de arranque é tão fundamental para a construção de uma Terceira Via? Porque o eleitor não desperdiça voto. Nem no primeiro turno. Por este motivo é que cerca de 30% dos eleitores define seu voto nos últimos dez dias de campanha, e usa as pesquisas de opinião para balizar suas “apostas”. Por isto as pesquisas de simulação de segundo turno são tão poderosas, porque elas antecipam o cenário final e mostram as chances reais de vitória de A ou B. Ou seja, tem que haver predisposição no eleitorado, tem que haver saturação das alternativas A ou B e tem que haver crescimento sustentável da candidatura, para criar a percepção de vitória e mobilizar o restante dos eleitores.

Esta lógica do eleitor é universal. Não precisa ser alfabetizado, não precisa ser politizado. É só ter as noções básicas (as chaves explicativas) de quem é A ou B, e muitas vezes estas noções básicas são construídas na mídia e pela mídia (CRP’s). Por isto, quem controla a agenda e a informação pode construir ou destruir uma candidatura, pois é a percepção de uma candidatura que conta, muito mais do que os fatos em sí. E quando uma campanha sabe trabalhar bem todas as formas de comunicação e entende como é elaborada, pela opinião pública, as chaves explicativas que atuam na formação da preferência do eleitor, tem chances reais de vencer uma eleição. Mesmo que esteja em penúltimo lugar no início de uma campanha. *

O “saber posicionar um candidato” é o passo mais importante no lançamento de uma candidatura. E para isto a pesquisa é indispensável. A quantitativa para mesurar as demandas da sociedade, onde estão as maiores lacunas e onde estão os sucessos das atuais administrações. A qualitativa para avaliar a imagem do candidato em si, seu potencial de crescimento e seus pontos de rejeição. Saber todos os prós e contras, desde o início, do seu candidato e das outras candidaturas, é indispensável. E trabalhar a comunicação da forma o mais simples e direta possível.

Normalmente as chaves explicativas, usadas pelos eleitores para justificar suas escolhas e para formar a imagem mental que tem dos candidatos são construídas com apenas dois ou três elementos discursivos. Estes elementos são captados dos meios de comunicação – jornais, programas de rádio, TV, emails, torpedos, mídias digitais -; de conversas com amigos e familiares ou do contato pessoal direto ou indireto com o candidato.

As informações são aceitas ou rejeitadas conforme predisposição existente no eleitor, suas experiências de vida, sua experiência eleitorais prévias, como vê o meio político e seus atores. A opinião, quando não radical e ideológica, pode ser contaminada e mudar. Em caso de existir uma opinião ideológica estruturada, a escolha pode se afastar ou se aproximar de candidato A, B ou C desde que sua opção permaneça dentro do bloco ideológico X.

Portanto, tirando o eleitorado cativo de partido A ou B, todos os outros votos estão disponíveis no mercado eleitoral. Até que o horário político eleitoral gratuito e a campanha de rua comecem. E as pesquisas estão aí para mostrar que mais de 35% dos eleitores querem uma nova opção na política.

* vide a campanha de Rigotto e as pesquisas que souberam identificar a saturação do eleitor e balizarm a construção do discurso VIPOLU – vibrante, popular e luminoso (sic!)

quinta-feira, 18 de março de 2010

Eleição para Governo do Estado do Rio Grande do Sul em 2002 – um breve estudo de caso

O trabalho de Biancamano (2003), mostra que nas eleições para o governo do estado do Rio Grande do Sul em 2002 os gaúchos estavam suscetíveis a serem influenciados pela divulgação das pesquisas de simulação de segundo turno, como pudemos ver na vitória de Rigotto sobre o projeto de reeleição petista.

Biancamano (2003) observa que o discurso VIPOLU, criado para a campanha de Germano Rigotto, candidato do PMDB, foi elaborado com base em uma pesquisa qualitativa realizada antes do início do HPEG e que determinou o público alvo e a linguagem que seria utilizada durante toda a campanha. As pesquisas tinham detectado que naquele momento os gaúchos estavam cansados da polarização encarnada pelos candidatos Antônio Britto, do PPS e Tarso Genro do PT, e não queriam ver brigas ou críticas nos programas da campanha dentro do HPEG.

A campanha acertou o alvo. Rigotto, que se mantinha em quarto lugar nas cinco primeiras pesquisas publicadas, deu um salto na primeira pesquisa CEPA/UFRGS publicada após o início do HPEG, em 12 de setembro 2002, indo para o terceiro lugar. 

No dia 19 de setembro outra pesquisa CEPA/UFRGS é publicada e mostra que apesar de Rigotto ainda estar em terceiro lugar na estimulada, nas simulações de segundo turno ganharia de Britto e de Tarso. É a primeira pesquisa onde Rigotto se apresenta como candidato capaz de vencer Tarso, fator indispensável para aglutinar os votos do bloco. Biancamano mostra que desta pesquisa para a próxima, Rigotto cresce quase 5 pontos em uma semana e entra em empate técnico com Britto, em segundo lugar. A partir deste ponto o que se vê é uma migração de votos de Britto para Rigotto, o que faz com que o candidato do PPS caia consideravelmente na pesquisa posterior da CEPA/UFRGS, publicada em 03 de outubro 2002, indo para o terceiro lugar, quase 13 pontos percentuais atrás de Rigotto. Este fato confirma a volatilidade eleitoral dentro de um mesmo bloco ideológico, baseada na lógica do voto útil.

O eleitorado estava procurando um candidato para vencer o PT e depois que constataram a viabilidade da campanha de Rigotto preferiram-no a Britto. As intenções de voto em Tarso Genro permanecem inalteradas do meio até o fim do primeiro turno, mantendo aproximadamente 34% por quatro pesquisas sucessivas do instituto CEPA/UFRGS em 12 de setembro de 2002; 19 de setembro de 2002; 26 de setembro de 2002 e 03 de outubro de 2002.

Ao final do primeiro turno Tarso faz 37,25% dos votos e Rigotto 41,17% dos votos, vencendo, posteriormente, a eleição para o Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Na primeira pesquisa publicada no segundo turno, no dia 9 de outubro, Germano Rigotto tem 58,8% das intenções de voto e Tarso 35,8%.

Britto que tinha começado a disputa em segundo lugar com 34,3% dos votos, conforme a pesquisa CEPA/UFRGS publicada em Zero Hora do dia 10 de maio de 2002, acaba o primeiro turno com apenas 12,31% dos votos. Os votos de Britto migraram para Rigotto após a divulgação de pesquisas de simulação de segundo turno que demonstravam que Rigotto venceria Tarso. Esta eleição nos indica, claramente, o caminho aberto para a apelação ao apelo ao voto útil no Rio Grande do Sul.

Sobre a influência das pesquisas no resultado da eleição de Rigotto, Silva (2004) coloca que as pesquisas publicadas dentro dos programas de Rigotto, no HPEG, enfatizavam que o candidato do PMDB venceria qualquer um dos demais no segundo turno (simulação de segundo turno). O CR-P de vitória foi construído também com a veiculação de trechos de opiniões sobre o crescimento de Rigotto emitidas por colunistas políticos nos jornais. Na conclusão do trabalho de Silva sobre as eleições de 2002 a autora ressalta a importância da utilização das pesquisas dentro da elaboração dos CR-P's:

Tal variação na construção da imagem de candidatos e partidos verificada durante o tempo de veiculação dos programas eleitorais dá margem para outra constatação: a de que as pesquisas de opinião, em determinadas ocasiões, tornaram-se elementos centrais nos ditames da elaboração dos programas do HPEG. Desta forma, afirma-se que os cenários de representação da política construídos pela mídia nas eleições de 2002 foram incorporados aos discursos dos programas eleitorais. A afirmação considera, em primeiro lugar, a mudança de tônica das mensagens ocorridas em conformidade com momentos diversos de divulgação de pesquisas, estabelecendo mudanças de rumo nos recursos utilizados na campanha pela TV. E, em segundo, as referências – positivas e negativas - feitas pelos programas a respeito das predições eleitorais e dos institutos de pesquisa envolvidos (SILVA, 2004, p. 97-98). Silva (2004) também destaca que o universo jornalístico ao interpretar, traduzir e dar visibilidade na divulgação das pesquisas teve forte influência na composição do CR-P que permitiu a vitória de Rigotto, tornando-o um candidato viável a aglutinar o voto útil ant-PT.

quarta-feira, 17 de março de 2010

PESQUISAS ESTIMULADAS DE INTENÇÃO DE VOTO E SIMULAÇÃO DE SEGUNDO TURNO

As pesquisas de intenção de voto, publicadas nos meios de comunicação e a repercussão que elas alcançam na mídia, forjando os CR-P’s bem como o uso que o marketing político fez destas pesquisas através de ações dentro do HPEG são de grande influência para a decisão eleitoral. As simulações de segundo turno tem papel central na decisão de uma eleição. São elas que indicam o caminho do voto útil e cristalizam no imaginário popular quem é o candidato com as maiores chances de vencer.

Para determinar os possíveis efeitos deletérios ou manipulativos que as pesquisas possam ter sobre os eleitores deve-se dar especial atenção para a forma como estes resultados são divulgados e apresentados (BAQUERO, 1995). Devemos nos perguntar “quem apresenta estas informações e qual o interesse destas pessoas ou organizações no processo eleitoral” (BAQUERO, 1995, p.87). A forma e a intensidade com que as pesquisas são divulgadas as torna ferramentas para a manipulação do eleitorado (BARRETTO, 1997). Para Barretto (1997) os mídia revestem as pesquisas eleitorais com um aparente invólucro de coisa certa e definitiva, fazendo o eleitor pensar que seu resultado é fator inalterável.

Na realidade as pesquisas não são uma realidade solidificada, são o retrato de um momento específico, dentro de um contexto específico. Outro problema em relação a interpretação das pesquisas e a forma como são divulgadas é que os meios de comunicação costumam desprezar os elevados percentuais de indecisos e interpretam o resultado das pesquisas exclusivamente baseados nos baixos índices de eleitores que já se definiram. Outra questão é que muitas vezes os mídia ignoram a margem de erro das pesquisas transformando em manchetes pequenas quedas ou subidas dos índices dos candidatos, que estão dentro da margem de erro.

A questão básica de como os meios de comunicação tratam a divulgação das pesquisas é relevante no sentido de que pode prevalecer, no caso da TV, o “estatuto visual da verdade” (ALDÉ, 1998) ou ainda, na intenção de influenciar um CR-P para privilegiar um candidato, como vemos em Lima (2004b). Desta forma as pesquisas eleitorais se tornaram eficazes instrumentos de propaganda eleitoral. A divulgação de suas projeções é um dos mais importantes meios de se “eleger” ou “derrotar” um candidato. Quanto mais cedo começar o processo de divulgação das pesquisas maior a propensão daqueles dois candidatos que largaram na frente de se consolidarem como as melhores opções, mesmo que seus índices não sejam muito altos.

Segundo Lima (2004b) foi nas eleições presidenciais de 1989, onde Collor se elegeu, que a divulgação das pesquisas de intenção de voto e suas simulações de segundo turno primeiro mostraram seu poder no Brasil. Existe um paralelo entre a subida vertiginosa de Collor nas pesquisas estimuladas de intenção de voto e a veiculação no rádio e na televisão dos programas políticos anuais dos três partidos da coligação ao qual o candidato pertencia. A construção do CR-P no telejornalismo da rede Globo teve pelo menos duas vertentes principais, a cobertura favorável a Collor e a divulgação de pesquisas com projeção de votação em relação aos prováveis adversários de Collor no segundo turno (simulações de segundo turno) e a divulgação, ou omissão, dos resultados quinzenais/semanais das pesquisas no primeiro turno (LIMA 2004b). Estas pesquisas

incluíam uma pergunta aos eleitores que projetava a disputa para o segundo turno e, como Collor não mais perdeu o primeiro lugar desde abril – sete meses antes de 15 de novembro – a questão era saber quem seria o seu adversário. Dito de outra forma, a pesquisa passou a se comportar como se um dos vencedores do primeiro turno já pudesse estar definido e a fixar na memória do eleitor o nome de Collor como sendo este vencedor (LIMA, 2004b, p.238).

Para Lima (2004b) a periodicidade das pesquisas publicadas pelo instituto Ibope teve oscilação. O comentário em São Paulo era “quando Collor cai o Ibope não sai”. Foi com base no estudo feito sobre o CR-P das eleições de 1989 que Lima chegou à conclusão da “vitória antecipada” de Collor. O autor faz ainda referência sobre a pesquisa realizada pelo IPEP (Instituto de Pesquisa de Pernambuco) e pelo mestrado em ciência política da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) que constatou que a pesquisa eleitoral influi diretamente na decisão de 41,5% dos entrevistados e outros 43% consideraram a pesquisa muito importante porque determina se o candidato tem boa chance de ganhar.

Os eleitores indecisos, que retardam a sua tomada de decisão na expectativa de que algum novo evento os ajude a decidir em quem votar, são os mais vulneráveis às expectativas de vitória divulgadas pelas pesquisas (VEIGA, 1996). A tendência destes eleitores é se alinharem ao lado do candidato mais forte. O eleitor percebe a força de um candidato através do CR-P apresentado pelos mídia, observando o cotidiano, o número de bandeiras, adesivos, em conversas com conhecidos. Os eleitores que tem um candidato com menos chances de ganhar caem crescentemente em silêncio e contribuem, assim, para a sua derrota.

CASOS ESPECÍFICOS NO RS

No caso da eleição de Fogaça para a Prefeitura de Porto Alegre em 2004, os candidatos que apresentaram, nas primeiras pesquisas, bons índices de intenção de voto ou ainda, que tiveram, nas pesquisas subseqüentes, crescimento expressivo maior que o de Fogaça, na reta final da campanha apresentaram queda ou tiveram seu crescimento freado por não apresentarem, nas simulações de segundo turno, a capacidade de derrotar o PT, qualidade necessária para aglutinar o voto útil.

Dois outros casos nas eleições gaúchas fortalecem a importância de continuar a pesquisa sobre o apelo ao voto útil e sua possível influência no resultado eleitoral. A eleição de Rigotto para governador em 2002, onde o candidato começou a subir nas pesquisas depois que apareceu nas simulações de segundo turno como bem cotado para vencer Tarso Genro e passou a “tirar” votos de Britto (ANALISO O CASO AMANHÃ) e a eleição de Yeda Crusius para governadora, em 2006, que em uma virada histórica tirou o governador Rigotto da disputa já no primeiro turno. Baseados nas pesquisas de simulação de segundo turno eleitores de Rigotto teriam votado em Yeda para tirar o PT do segundo turno ao terem avaliado que a candidata Yeda era mias fácil de vencer do que Olívio e o PT.

No contexto político das eleições no Rio Grande do Sul as pesquisas influenciaram principalmente ao despertar um comportamento latente nos gaúchos: a polarização da eleição entre dois partidos, ou dois blocos ideológicos, apontando quem são os dois candidatos mais fortes para a disputa, sinalizando em direção ao voto útil. Concluída esta análise, podemos assumir que toda vez que o quadro se repetir e tivermos, nos municípios gaúchos, disputas políticas divididas entre um grupo político “A” e um grupo “anti-A”, a tendência é que o apelo ao voto útil, através da utilização de pesquisas de simulação de segundo turno, influencie de forma decisiva o resultado final da eleição.

terça-feira, 16 de março de 2010

COMPORTAMENTO ELEITORAL NO RIO GRANDE DO SUL

            Noll e Trindade (2004), analisam as estatísticas eleitorais no Rio Grande do Sul, de 1823 a 2002, e identificam um perfil político singular no Estado, em comparação com o resto do Brasil, com estabilidade e coerência de padrões eleitorais e valorização consistente dos partidos políticos. A causa desta singularidade seria a fronteira com os países do Prata, e entre as principais influencias platinas, a autonomia política e a polarização partidária: “a tradição bipartidária nos aproxima do Uruguai e da Argentina, a ocupação tardia nos afasta do poder central ao longo do século XIX, a experiência positivista republicana castilhista nos coloca como modelo sui generis” (NOLL & TRINDADE, 2004, p.10). Sobre o padrão platino de polarização partidária, como exemplo os “federales” e “unitários” na Argentina e os “blancos” e “colorados” no Uruguai, no Rio Grande do Sul no período pós-45, sobressai-se o confronto PTB e anti-PTB onde, o crescimento do PTB provocou como reação uma aglutinação, cada vez maior, de forças anti-PTB. Esta polarização coexistia com o sistema multipartidário e durou de 1947 a 1962.

            Em relação à polarização, na análise dos pleitos entre 1950 a 1962, “Esta dicotomização se observa em todos os níveis de eleição – majoritárias ou proporcionais – em questões locais ou nacionais, onde predomina a disputa entre populismo (PTB) e conservadores liberais (PSD, UDN, PL)” (NOLL, 1995, p.54). Segundo Noll (1995) Xausa e Ferraz já haviam detectado esta tendência em 1981 quando identificaram a vocação histórica do sistema partidário gaúcho para o bipartidarismo, se referindo ao período de quase 20 anos na política gaúcha onde predominou o confronto básico PTB/anti-PTB. Noll observa que os momentos de derrota do PTB correspondem a situações onde vários partidos identificaram-no com inimigo comum e, esquecendo divergências, se uniram como única forma de vencer o PTB. Foi o caso da Frente Democrática e da Aliança Democrática Popular, em 1954 e 1962.

             Sobre a vocação para o bipartidarismo Noll (1995) salienta que no período do regime autoritário militar as forças PTB e anti-PTB se aglutinaram entre a Arena e o MDB, mantendo o confronto político. O MDB aglutina as forças trabalhistas e a ARENA a coligação anti-PTB. O confronto trabalhistas x Conservadores-liberais dura todo o regime militar. O mesmo perfil dicotomizado prevalece no pós-64, com o MDB-PMDB e ARENA – PDS – PFL: “Considerando-se, pois, os padrões e tendências do comportamento eleitoral nas quatro décadas do pós-45, há que se reconhecer que a matriz polarizada tradicional mantém-se, em grande medida, inalterada” (NOLL & TRINDADE, 2004, p. 109)

Entre o período de 1986-1994, Noll e Trindade (2004) mostram um quadro onde PMDB, PDT e PT dividem um eleitorado de centro-esquerda, enquanto o grupo de tendências mais conservadora-liberal fica com 30% dos eleitores. Entre 1994 a 2002, começa a se formar um bloco anti-PT, respondendo ao rápido crescimento do Partido dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul.

Portanto, atualmente podemos ver a polarização partidária tradicional na disputa PT x anti-PT. O apelo ao voto útil estaria apenas canalizando o padrão platino de comportamento eleitoral, onde esquerda e direita aglutinam eleitores. Neste caso, o eleitor racional que pratica o voto útil, deixando de votar no partido que prefere para votar no que tem mais chances de ganhar está votando para evitar a vitória do partido ou bloco que ele considera pior. A alternativa “b)” descrita por Downs (1957) quando expõe as três variações do comportamento eleitoral racional em um sistema multipartidário é a que melhor descreve o quadro:

Num sistema multipartidário, estima o que crê serem as preferências de outros eleitores; daí age do seguinte modo:
a) Se seu partido favorito parece ter uma razoável chance de vencer, vota nele.
b) Se seu partido favorito parece não ter quase nenhuma chance de vencer, vota em algum outro partido que tenha chance razoável, a fim de impedir que vença o partido que menos apóia.
c) Se é um eleitor orientado para o futuro, pode votar em seu partido favorito mesmo se parecer que ele quase não tem chance de vencer, a fim de melhoras as alternativas abertas a ele em futuras eleições. (DOWNS, 1957, p. 70)


segunda-feira, 15 de março de 2010

VOLATILIDADE ELEITORAL E VOLATILIDADE IDEOLÓGICA

Sobre as características específicas da maioria do eleitorado brasileiro buscamos em Silva (2004) uma definição que parece resumi-las muito bem:

a maioria dos eleitores brasileiros não acredita nos partidos e, de modo geral, não se interessam por política. O comportamento eleitoral das camadas populares do eleitorado, que numericamente decidem uma eleição, caracteriza-se por uma vulnerabilidade e volatilidade eleitoral. (...) decidem seu voto em função da imagem e de atributos pessoais dos candidatos, apresentam baixo grau de informação e interesse político e, aparentemente, optam pela distância e descrença em relação à política. (...) A cada eleição, munidos unicamente de esperanças e não de mecanismos de participação política, os eleitores introjetam em seus sistemas de crenças uma certa expectativa. A cada promessa não cumprida, a cada escândalo de corrupção ou de uso indevido de recursos públicos, as expectativas da população revertem-se em frustrações (SILVA, 2004, p.56).

Em relação à volatilidade eleitoral e a volatilidade ideológica no Brasil Peres (2002) revela que a instabilidade vem registrando tendência declinante e que a volatilidade ideológica, onde os eleitores flutuam entre diferentes blocos ideológicos, é menor em relação aos europeus. Isso significa dizer que é está mais difícil um eleitor mudar o voto de um bloco ideológico para outro. Os índices de volatilidade eleitoral apresentados pelo autor refletem que a maioria dos eleitores flutuam entre partidos do mesmo bloco ideológico: centro, esquerda e direita

o grau de estabilidade das preferências eleitorais brasileiras permite inferir que o sistema não é caótico, pelo contrário, este estrutura satisfatoriamente o comportamento eleitoral. Os dados também mostram que a volatilidade ideológica é bastante reduzida e apresenta uma dinâmica declinante, o que significa que a clivagem ideológica tem funcionado como delimitador da estruturação da competição interpartidária (PERES, 2002, p.14).

Em relação à volatilidade eleitoral o autor nota que a taxa média brasileira é relativamente elevada em relação à européia e intermediária em relação à América Latina, mas constata, ao analisar as eleições entre 1982 e 1998, que a taxa média brasileira está em queda. Em relação à volatilidade ideológica, o Brasil, na última eleição analisada, apresentou uma média de 1,7%, menor do que a média de qualquer país europeu analisado. Este dado já seria o suficiente para invalidar qualquer afirmação de que não existe ou que existe pouca consistência na estruturação das preferências eleitorais em termos ideológicos no Brasil:

No caso brasileiro, a coexistência de volatilidade eleitoral partidária relativamente elevada com volatilidade eleitoral ideológica relativamente baixa, significa que o sistema partidário estrutura suas preferências em termos ideológicos e que existe uma competição elevada entre os partidos que pertencem a um mesmo bloco. Ou seja, o sistema é competitivo e a competição maior ocorre entre partidos que pertencem à mesma ideologia (PERES, 2002, p.42).


Fontoura (2002) cita André Singer e Yan Carreirão como dois pesquisadores que defendem que existe correlação entre as posições ideológicas do eleitorado e sua escolha eleitoral. Singer propõe que os eleitores brasileiros, embora não possuam um pensamento político estruturado, captam, intuitivamente, por meio de categorias como esquerda e direita, o sentido geral das orientações dos partidos e candidatos. Para ele, apesar dos eleitores captarem intuitivamente as categorias esquerda/direita, tendem “a votar coerentemente com seu auto-posicionamento e não de modo indiferenciado” (FONTOURA, 2002, p.28). Seguindo nesta linha Carreirão, analisando dados de surveys entre 1989 e 1997, aponta existir “uma correlação de intensidade variando de moderada a substancial – entre o posicionamento numa escala esquerda-direita e o voto para presidente, para o conjunto do eleitorado brasileiro” (FONTOURA,2002, p. 29).

A ideologia esquerda-direita tem o poder de aglutinar os eleitores em blocos, acirrando as clivagens políticas em épocas eleitorais (RANINCHESKI,1998). Esquerda e direita não são apenas ideologias, mas visões de mundo diferentes, projetos políticos de sociedade. Bobbio, citado por Ranincheski (1998, p.75), explicita: “(...) contraste não só de idéias, mas também de interesses e de valorações a respeito da direção a ser perseguida pela sociedade.”

A taxa de volatilidade ideológica declinou na maioria dos estados brasileiros (PERES, 2002). O índice é fruto do agrupamento de partidos em blocos com a mesma orientação ideológica. Peres não considera incoerentes as mudanças de voto entre partidos de um mesmo bloco, segundo a sua análise sobre o caso do Rio Grande do Sul, a partir de 1990, a volatilidade eleitoral ideológica quase inexiste, caindo de 18,9% (1986-1990) para 2% (1990-1994) , dividindo em dois blocos, de 1982-1990 a 1990-1998 a queda é de 17,2% para 2,95%. Isso indica que as clivagens ideológicas são fortes no Estado e tem-se acentuado nas últimas eleições.

(amanhã publico sobre o comportamento eleitoral no Rio Grande do Sul)

quinta-feira, 11 de março de 2010

A lógica do eleitor

Ainda tem gente que acha que o eleitor vota no candidato que mais gosta. Ledo engano. Vota no menos pior, vota mais contra um do que a favor de outro. A instituição do segundo turno, ao invés de propiciar maior debate entre a capacidade de cada um dos candidatos não tem força alguma contra o voto útil. As pesquisas de simulação de segundo turno se encarregam de conduzir a disputa sempre entre dois grupos. E já mudaram o resultado de muita eleição no nosso estado. Por exemplo, o "voto útil anti-PT", como eu o chamo, teve influência determinante no mínimo nos últimos dois pleitos para governo do Estado e nas duas últimas eleições para a prefeitura de Porto Alegre.

Fiz minha dissertação de mestrado sobre o tema, e publiquei alguns artigos. Vou postar abaixo um trecho do artigo Comportamento Eleitoral. Quem quiser ler na íntegra me envie o email que eu mando. São 34 páginas ao total. 
A LÓGICA DO VOTO ÚTIL

A decisão do voto é concebida como produto de uma ação racional individual orientada por cálculos de interesse e utilidade pessoal, tendo em vista o objetivo de maximizar ganhos (DOWNS, 1957). Em toda a opção de voto existe um grau de racionalidade envolvido, dentro de determinado contexto, e todo voto envolve, em determinada medida, algum interesse. O voto é racional como “razoavelmente dirigido para a realização de objetivos conscientes” (DOWNS, 1957, p.26). Em um sistema multipartidário o

eleitor racional primeiro decide qual partido ele crê que lhe trará maior benefício; daí ele tenta estimar se esse partido tem qualquer chance de ganhar. Ele faz isso porque seu voto deveria ser ampliado como um processo de seleção, não como uma expressão de preferência. Daí, mesmo que prefira o partido A, ele estará “desperdiçando” seu voto em A se esse não tiver nenhuma chance de vencer porque muitos poucos outros eleitores o preferem a B ou C. A escolha relevante, nesse caso, é entre B ou C. Como o voto em A não é útil no processo real de seleção, votar nele é irracional (DOWNS, 1957, p.68).

Em relação à divulgação de simulações de segundo turno encontramos uma observação muito interessante no trabalho de Downs (1957). O autor expõe que, para auferir a utilidade do voto o eleitor precisa saber como os outros votarão. Ele precisa conseguir fazer “uma estimativa de suas preferências” porque “na ausência de qualquer informação sobre o que os outros eleitores provavelmente farão, o eleitor sempre vota no partido que prefere” (DOWNS, 1957, p.69). Esta colocação e prioritária para este artigo porque consideramos que a divulgação massiva das pesquisas funciona como um gatilho para o voto útil. Sobre o eleitor Downs complementa: “(...) quanto menos chance de vencer ele sente que seu partido favorito tem, mais provável é que mude seu voto para um partido que tem uma boa chance” (DOWNS, 1957, p.69).

O que cria o clima de mais chance ou menos chance é o nível de repetição dos resultados de uma pesquisa e o enquadramento dado a ela pelos meios de comunicação de massa. Além disso as perguntas dentro da pesquisa ajudam a moldar o cenário: “qual o candidato que você acredita que tem mais chances de ganhar” (expectativa de vitória), “qual o candidato que você mais rejeita” (rejeição), “quem, você acha que tem mais chances de vencer no segundo turno” (simulação de segundo turno). Também colabora para a construção do CR-P a forma como os jornais trabalham as manchetes (BARRETO, 1997; BAQUERO, 1995; LIMA, 2004a, 2004b) solidificando os dois primeiros candidatos, dando a disputa como determinada semanas antes da eleição e publicando manchetes onde a margem de erro é ignorada, no estilo “fulano sobe três pontos”, “beltrano apresentou queda de dois pontos”, quando a margem de erro é quatro pontos, por exemplo.

Apesar do sistema eleitoral americano estar em um contexto bem diferente do brasileiro, outro ponto interessante em Downs (1957) é o exemplo que dá ao citar uma disputa ocorrida em uma eleição presidencial americana, em 1948, entre o Partido Progressista, o Partido Democrata e o Partido Republicano:

quando o partido Progressista lançou um candidato na eleição presidencial americana de 1948, alguns eleitores que preferiam o candidato progressista a todos os outros, ainda assim votaram no candidato Democrata. Fizeram isso porque sentiram que seu candidato favorito não tinha qualquer chance e quanto mais as pessoas votassem nele, menos votariam nos Democratas. Se a votação nos Democratas fosse muito baixa, os Republicanos – o grupo menos desejável do ponto de vista Progressista – ganhariam. Desse modo, um voto no seu candidato favorito ironicamente aumentava a probabilidade de que ganhasse aquele que eles menos apoiavam. Para evitar este último resultado, eles votaram no candidato que ocupava uma posição intermediária em sua ordem de preferência (DOWNS, 1957, p.68).

Isso significa que em um cenário de disputa eleitoral onde exista um partido buscando a reeleição, os eleitores que não desejam que isto ocorra tendem a deixar de lado o candidato ou partido de sua preferência, escolhendo o candidato que de acordo com as probabilidades eleitorais tiver mais chances de derrotar a situação. Nesse sentido, o voto útil também pode ser considerado um voto pela negativa, vota-se para que alguém não ganhe, para tirar este ou aquele do poder. Eleitores que não respeitam lealdades partidárias são usualmente considerados voláteis. Veremos a seguir que não ter lealdade a um partido específico não significa necessariamente ser desideologizado.

 Estas observações remetem à discussão sobre volatilidade, tema tratado a seguir. (Volatilidade Eleitoral e Volatilidade Ideológica)

Para quem quiser maiores informações, em 2007, publiquei um artigo na Revista Debates da UFRGS sobre a relação entre a mídia e a opinião pública na formação da escolha do eleitor: http://www.seer.ufrgs.br/index.php/debates/article/view/2472

Em 2008 publiquei na Revista Pensamento Plural, da UFPEL, um estudo de caso sobre as eleições em Porto Alegre intitulado Cenários de Representação Política e Comportamento Eleitoral. Quem quiser eu mando uma cópia por email também.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Radicalismo?
Contrariando o que saiu nos jornais de hoje, de que o PDT teria diminuído a exigência para que Fogaça abra apoio para Dilma, Romildo Bolzan alertou, em "alto e bom tom", no programa do Felipe Vieira (rádio Band), que para sacramentar a aliança ainda é preciso resolver a questão Fogaça-Dilma. Romildo afirmou que o possível não apoio do PMDB-RS à candidatura petista pode ser fator complicador para a aliança ao governo do Estado.
Bom mas não apoiar Dilma não significa apoiar Serra...no meu entender tanta pressão acaba mal. Melhor seria deixarem o PMDB-RS ficar neutro. Porque se nem o PDT gaúcho tem o poder de obrigar todos seus lideres a fazerem campanha pró-Fogaça - falam em cerca de 80 diretórios e prefeitos dissidentes - querem obrigar o PMDB a fazer pró-Dilma? Vai ter dissidência certa. Peemedebista gaúcho de carteirinha não fará campanha pró candidato do PT no interior do Estado. Seria surreal.

Bertolucci não abre mão da proporcional
O presidente estadual do PP, Pedro Bertolucci afirma que manterá até o fim a exigência de coligação na proporcional o que além de fechar as portas para Fogaça, coloca a governadora Yeda em uma sinuca. O PP é o partido mais importante para viabilizar a candidatura da governadora, mas os deputados estaduais do PSDB não querem nem ouvir falar de coligar na proporcional pois correm o risco de não se (re)elegerem.
Devem os candidatos tucanos irem para o sacrifício em nome da possível reeleição da governadora? Só se a reeleição estivesse garantida, dando-lhes espaço em um segundo governo Yeda... Mas todos sabem que esta campanha será muito difícil e que muitos esqueletos podem sair do armário. Há quem diga que os deputados tucanos já pagaram um preço alto demais ao defenderem a governadora na linha de frente durante a CPI da Corrupção e que não estariam dispostos a mais este sacrifício.
Quanto ao PP não dá para dizer que o presidente está errado ou que é radical. Afinal, não dá para ter pressa em uma hora destas. Mas, por outro lado, é preciso priorizar o que a maioria do partido quer no momento. O que é mais importante, crescer a bancada, estar no governo do Estado, fazer senador(a)?

terça-feira, 2 de março de 2010

Reunião do PP
Um dos resultados mais significativos da reunião de ontem do PP foi o adiamento da decisão da coligação para abril. Agindo de forma prudente o partido quer esperar para ver como as coisas se consolidam entre os principais candidatos e quem será o mais competitivo. Cabe saber agora se o presidente Bertolucci conseguirá manter as condições para a coligação ou se as flexibilizará, como sugerem os governistas Otomar e Covatti.

Flexíveis
Para Otomar, as regras não deveriam ser tão rígidas para se sentar a mesa de nogociações. Já Covatti dá a entender que os cargos oferecidos pela governadora Yeda valeriam tanto quanto uma coligação na proporcional, pois colocariam a máquina do estado na mão (dos candidatos a deputado), o que facilitaria a campanha.

Beto e o tempo de TV
Com Beto Albuquerque as condições seriam todas atendidas, mas o tempo de TV é insignificante e poderia comprometer a campanha ao Senado. Além disto, Beto, seguindo a determinação dos progressistas, precisa mostrar-se competitivo nas próximas pesquisas, tarefa difícil com um meio de campo ainda tão embolado.

Competitividade
É muito difícil que tanto Beto quanto Lara apareçam melhor colocados do que a governadora Yeda, que deve aparecer em terceiro lugar. Yeda tem a máquina na mão mas se as condições iniciais propostas por Bertolucci forem flexiblizadas - vice, proporcional e senado - Fogaça ainda tem chances de levar os progressitas. A tendência é que ele continue em segundo lugar nas pesquisas, no critério de competitividade ainda será a melhor opção e dará ao PP, no mínimo, uma vaga ao senado. Já o cargo de Vice de Yeda, há quem diga que é tarefa ingrata e que com o perfil da governadora ser vice e nada dá no mesmo.


segunda-feira, 1 de março de 2010

Yeda e o anti-petismo

A governadora Yeda Crusius, muito bem assessorada, já se posiciona como a única candidata pró-Serra e anti-PT. De olho em cerca de um terço dos eleitores gaúchos discursou em Imbé: "Estamos defendendo o Estado democrático, que está a perigo. Existem pessoas que tentam dominar o aparelho. O povo vai dizer não, assim como fez na última eleição."

Imbé
O encontro do PSDB em torno de Yeda era pra ser lançamento de candidatura e virou evento de pré-lançamento assim que foi confirmado que importantes caciques do partido, assim como o próprio Serra, não viriam ao encontro. O simbolismo destas ausências seria muito forte e enfraqueceria a candidata, transparecendo que Yeda não tem o apoio político dos líderes nacionais de seu partido.

PP e Yeda
Hoje será o encontro do PP para debater os três caminhos do partido para concorrer ao Piratini: Yeda, Beto ou Fogaça. Com a quantidade de exigências feitas só tem um caminho disponível: a candidatura Beto Albuquerque. Só que, neste caso, o PP precisará que Beto componha com outras forças políticas para aumentar seu tempo de TV. Caso contrário, com programa nanico, fica difícil vender candidatura ao Senado, ou seja lá o que for. Os Tucanos rechaçaram a coligação com o PP na prioporcional. Sofrem de excesso de autoconfiança e parecem esquecer-se que sem o PP, principal partido de sustentação de Yeda, a candidatura da governadora corre o risco de naufragar.

“Zé”
Os teóricos do PSDB às vezes surpreendem pelo insólito. No meio da campanha presidencial de 2006 resolveram mudar o nome do candidato Alckmin para “Geraldo”. Quem diabos era Geraldo? O “novo” nome não pegou e nunca pegaria. Ficou forçado. E o que é pior, tentaram trocar uma marca já conhecida por uma nova, no meio do caminho. Se queriam agregar um toque de povo no candidato havia dezenas de outros caminhos. Agora leio que na campanha deste ano as lideranças do PSDB querem mais “Zé” e menos “Serra”. Tomara que fique só no campo conceitual e não venham interferir na marca “Serra”.

Pesquisa Datafolha
Dilma ultrapassar Serra na espontânea demonstra o quanto a mais ela aparece na mídia e como a campanha antecipada de Lula funcionou. Dilma deverá manter vantagem e crescimento até o momento em que começar o HPEG e os debates. Aí é que ela passará pelo teste definitivo de imagem. Se os petistas forem espertos apostarão em poucas aparições da candidata na TV, investindo mais nos "feitos" do governo Lula. Na verdade ela ganha mais se não for aos debates também. Desempenho de Dilma é muito ruim no discurso, no improviso e no carisma. Mas não acredito na possibilidade desta eleição ser decidida no primeiro turno.

Se Serra desistir...
Chapa Aécio – Ciro povoa os sonhos mais secretos de muitos tucanos e democratas...