quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O PESO DA ALIANÇA NACIONAL SOBRE OS PARTIDOS NO RS

Lula afirma que ninguém pode proibir o presidente de visitar obras feitas com o dinheiro do povo para o povo e promete viajar até 31 de dezembro, a meia noite. Acusa a oposição de tentar impedí-lo de viajar, com sua candidata Dilma a tiracolo, em plena campanha antecipada. Acusa a oposição de não ter discurso e nem propostas. Presidente, a questão não é a falta de discurso ou de propostas da opisição. A questão é o seu comportamento.Vamos ver as coisas claras, como cidadãos cumpridores de leis morais e éticas. Campanha antecipada não pode. Não foi a oposição que inventou esta regra. A questão não é impedir o Presidente de viajar, sabemos muito bem o quanto o senhor gosta de uma viagem. A questão é viajar com quem e pra quê. Presidentes devem obedecer a regras e leis como qualquer um. Não estão acima do bem e do mal. Lula se esquece com frequência disto. Se a justiça disser que está errado, o presidente não pode desdenhar e dizer que ninguém pode proibir o presidente de viajar.

Toda vez que o Lula é confrontado com um comportamneto irreguilar ou uma prática ilegal o discurso é o mesmo: é perseguição da oposição. Quem não se lembra do "deixa o homem trabalhar" criado para transformar todas as denúncias de corrupção envolvendo o Mensalão em meras invenções de uma oposição inconformada com a perda do poder. E deu certo. A relatividade moral foi inagurada na era Lula e fez com que a percepção da população mudasse em relação a corrupção, que passou a ser vista como característica do meio político: "todo mundo faz".

ALIADO DE DILMA RECEBERÁ PRESIDÊNCIA DA CCJ

Está no Valor Econômico de ontem (10/02), pg A6: Comissões acomodam interesses regionais pela aliança PT e PMDB. CCJ deve ir para o PMDB gaúcho para reforçar aproximação do partido no Estado com Dilma. Mendes Ribeiro Filho, aliadíssimo de Dilma é o escolhido. A CCJ é a Comissão mais importante da Casa. E isto que o jogo pesado ainda nem começou. Esta será uma eleição de fartos recursos e benesses apenas para quem já está no poder e seus aliados. Todos os outros candidatos terão imensas dificuldades de arrecadação. O PT nacional já deixou claro que vai brindar seus aliados com o que for preciso para deslanchar a candidatura Dilma. Vale tudo.

A DUPLA MORAL DE TARSO

Tarso afirma que o apoio de Fogaça a Dilma - que só é tratado como eventual pelo candidato do PMDB -, não o incomoda e nem prejudica sua candidatura. Isto porque só ele teria o apoio de Lula no Estado. Para Tarso, o apoio não impedirá que o PT critique a postura do PMDB estadual ao apoiar o governo Yeda e nem blindará a administração municipal de receber críticas durante a campanha. Na contramão desta afirmação Tarso quer ter um vice do PTB, que também faz parte do governo Yeda e se destaca como uma das forças mais atuantes da base aliada da governadora. Falta coerência.

JAIRO JORGE E O RANÇO PETISTA

Dilma busca o palanque de Fogaça para fugir ao isolamento do PT gaúcho. E mais, ganhar no RS é fator estratégico de primeira grandeza para o PT levar a campanha para o segundo turno. Para o PT nacional, que tem alianças amplas com o PMDB e com o PP, a culpa das perdas do PT nas últimas eleições no Rio Grande do Sul é consequencia do radicalismo do discurso de esquerda dos petistas gaúchos, que dificulta o entendimento e a aproximação com os outros partidos, deixando a legenda no isolamento. O único que se destaca neste quadro é o prefeito de Canoas, Jairo Jorge, que por suas ações vem se cacifando para uma futura candidatura ao governo do Estado. Com certeza, sem o ranço característico de algumas alas do PT, conseguirá compor um leque amplo de alianças.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A DIFÍCIL ESCOLHA DE FOGAÇA

QUEM AGLUTINARÁ OS VOTOS ANTI-PT?

De longe Fogaça ainda é o candidato mais competitivo para vencer o PT de Tarso Genro. Mas isto pode mudar com o apoio de Fogaça a Dilma. Fogaça é muito diferente de Tarso. O PMDB gaúcho sempre foi um estandarte de resistência ao pensamento único petista no Rio Grande do Sul. Fogaça igualar-se a Tarso no apoio ao projeto petista nacional é de uma incoerência total. Estas alianças PT X PMDB até podem funcionar em outros estados brasileiros mas por aqui? Me inclino a achar que os peemedebistas de carteirinha votarão em Serra e não vão gostar de ver seu candidato Fogaça fazer campanha pro PT. Estava na hora de Serra ou da cúpula da opisição fazerem um movimento forte aqui no Estado, se algum dia pretenderam ter Serra no palanque de Fogaça.

PMDB GAÚCHO É ESTRATÉGICO PARA O PT DE DILMA

Záchia diz que é pró-Serra, Simon se declara "inclinado" à Dilma caso o partido não tenha candidato próprio. Fica difícil assim entender o que pretende o PMDB. Esta estratégia de confundir os aliados e os eleitores deixa claro que o partido vai muito mal.


Por outro lado é fácil perceber o que pretende o PT nacional. Usar o PMDB gaúcho. Empurram Serra para o palanque de Yeda (que consideram mais fácil de vencer) e ficam com dois palanques para a magnânima Dilma, a estadista que concilia os opostos. Vencer no Rio Grande do Sul é estratégico para que o PT assegure que esta eleição vai para o segundo turno.

Caso este apoio se efetive, ganha Yeda, a fiel depositária dos votos de quem não suporta a idéia de ver o PT voltar ao Governo do Estado. E não são poucos.  Ganha também uma terceira via que vier a dar uma chance para os eleitores que não querem o PT terem outra opção de voto que não seja a governadora. Caso Fogaça apoie Dilma esta eleição será - mais do que nunca - a eleição do voto útil anti-PT. Os votos vão migrar entre blocos de mesma ideologia. E Fogaça está prestes a mudar de bloco.

DIFÍCIL XADREZ

Bolzan diz: "só o PMDB pode inviabilizar esta coligação". Parece que o PDT desdenha a prefeitura da capital como se nada fosse. O PDT é uma noiva que faz exigências demais para quem não pode nem prometer fidelidade. Ameaçam que o PDT está fechado com o PT, de Canoas até Novo Hamburgo. O PDT é petista no Vale dos Sinos e no Alto da Serra. Falam em cerca de 40 prefeitos dissidentes.

É realmente inimaginável pensar que o prefeito Fogaça vá se candidatar ao Piratini sem acertar os detalhes da coligação primeiro com o PDT, que herdará a prefeitura de Porto Alegre. Mas daí a ceder a todas as exigências dos trabalhistas é um erro estratégico. Estará gastando todas as cartas com um só aliado, dificultando a atração de outras siglas importantes pra aliança.

O caso do PTB de Lara e Zambiasi é outro quebra-cabeça para o PMDB. Simon diz que "não consegue" se encontrar com Zambiasi porque as agendas dos dois não se conciliam, ora em Brasília, ora em Porto Alegre. Ora, se Lara se mostrar competitivo nas próximas pesquisas não há porque abrir mão de uma candidatura própria, ainda mais se Fogaça for de Dilma. Lara poderia se constituir uma terceira via para quem não quer o PT e nem a reeleição da governadora Yeda. Mas se a candidatura Lara não se mostrar sustentável, o PTB poderá escolher entre Fogaça e Tarso. Mas Fogaça não tera mais a vice-governança para oferecer. Tarso terá. O que faz com que, talvez, o PMDB precise mais dos progressistas do que imagina, pois não poderá ir ao Piratini só com o PDT.

O PP, dividido, está dentro do governo Yeda. Mas até aí, o PMDB também está. E não sinalizou quando sairá. O PP não tem candidato próprio, o PMDB tem. É um diferencial estimulante para acalentar os sonhos de Yeda de contar com os progressistas. Aliás, a falta de ação efetiva do PMDB em relação aos progressistas os coloca no colo da governadora. Mas com o PP, Fogaça teria um exército de prefeitos, o que compensaria a infidelidade do PDT. O partido só precisaria conciliar com o PMDB como ficaria uma coligação com duas pré-candidaturas fortes ao Senado: Ana Amélia e Rigotto. E como ficaria a coligação na proporcional.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Quem ganha e quem perde com o eventual apoio de Fogaça a Dilma

O significado da vitória de Temer – apoio iminente a Dilma Roussef


A ala pró-Dilma do PMDB foi responsável pela reeleição de Temer como presidente nacional do partido. Por ele passarão todas as negociações de aliança para a Presidência. Não adianta dizer que esta reeleição não significa que Temer será o vice de Dilma, que o vice pode ser Meirelles. O que importa é que fica difícil acreditar em tese de candidatura própria do PMDB nacional com Temer na presidência. Por isso que o Planalto festejou esta vitória de Temer. Por isto que os peemedebistas pró-Serra se preocuparam. E com razão. Principalmente no Rio Grande do Sul.


Gaúchos resistentes ao eventual apoio a Dilma


Entre as lideranças gaúchas, Simon foi o único que não compareceu à convenção nacional, talvez por saber o resultado que dali adviria. Záchia é pró-Serra e considera que os estados dissidentes da aliança PT X PMDB deveriam ter a possibilidade de defender outra candidatura. Fogaça apóia a pré-candidatura do Roberto Requião, governador do Paraná, e isto tem deixado-o confortável para resistir às pressões pró-Dilma dos pedetistas no Estado. Padilha ainda acredita na tese da candidatura própria.


Padilha, ao crer que as bases do PMDB querem Requião e que se farão ouvidas, parece ignorar que as vontades da cúpula nacional do partido têm prevalecido em todos os últimos episódios que viraram manchete. Tanto no caso Renan Calheiros como nos episódios envolvendo Sarney, não só as bases do partido como as posições do Rio Grande do Sul foram patroladas por quem realmente manda no PMDB. Tudo em nome de um projeto de poder nacional que está em gestação neste momento. O apoio que Lula deu a Calheiros e a Sarney será devidamente retribuído, com o apoio iminente do PMDB à Dilma.


A verdade é que o apoio a Dilma Roussef é intragável para a grande maioria dos peemedebistas gaúchos. A polarização PT x PMDB construiu a história política no nosso estado. Podemos não gostar desta polarização, chamá-la de atrasada, prejudicial ao Estado, mas não podemos negá-la. Ela faz parte do DNA deste Estado.


Quem enfraquece e quem ganha com o eventual apoio de Fogaça a Dilma?


Bobagem dizer que é bom para o PMDB apoiar Dilma porque isto enfraquece o discurso de Tarso. Pelo contrário, se Fogaça estiver apoiando uma candidata do PT isto só fortalece Tarso, candidato do PT. É óbvio. Como criticar, mesmo que construtivamente, o modo PT de administrar o RS e apoiar um projeto petista nacional? Como ficam os eleitores antipetistas que votaram em Fogaça nas últimas eleições para acabar com os 16 anos de hegemonia que o PT tinha na capital? Para onde vão estes votos? Quem enfraquece é Fogaça, que perde coerência, apoios e potencial discurso.


Serra também enfraquece com o eventual apoio de Fogaça a Dilma. É estrategicamente vital para o PSDB vencer no RS. Em 2006, Lula estava na frente de Alckmin em todas as pesquisas. A oposição precisava de um segundo turno para tentar vencer o PT. É só analisar o mapa geopolítico das últimas eleições para ver que aqui pras bandas do Centro-Sul só deu Alckmin, e mesmo assim não bastou para uma vitória. Mas a vitória de Alckmin foi o suficiente para garantir um segundo turno. E dar uma segunda chance ao PSDB - a péssima condução da campanha de Alckmin acabou não ajudando e Lula venceu até em Minas Gerais, onde Aécio tinha ganhado para governador -.


Agora o quadro se inverte. Serra está na frente de Dilma nas pesquisas. O melhor para Serra é tentar ganhar no primeiro turno. Por isto é tão importante ele ter um palanque forte como o de Fogaça. Deixar Yeda Crusius como único palanque disponível para Serra é o sonho do PT. Ter os dois primeiros colocados nas pesquisas para o governo do Estado defendendo o mesmo projeto nacional favoreceria a Dilma. Se o PT vencer no RS é capaz de levar esta eleição pro segundo turno e aí tudo ficará muito mais difícil para a oposição.

Ter Fogaça apoiando Dilma também fortalece uma eventual terceira via no estado.


A terceira via e o antipetismo


O eventual apoio de Fogaça a Dilma deixará os eleitores antipetistas sem pai nem mãe. E não são poucos estes eleitores. As pesquisas mostram que cerca de 30% dos gaúchos não votam no PT. O medo de que Olívio vencesse Rigotto no segundo turno, com base nas pesquisas apontadas em 2006, deu uma reviravolta na eleição dando a vitória à Yeda. Os números das simulações de segundo turno mostravam que Olívio (PT) chegava muito perto de Rigotto (PMDB), que buscava sua reeleição. Muitos eleitores simpáticos a Rigotto e contra o PT votaram em Yeda na tentativa de tirar o PT do segundo turno e acabaram por tirar Rigotto da disputa.


Antes, a própria vitória de Rigotto foi uma case que prova esta tese. Britto (ex-PPS), buscando um novo mandato pelo PPS (Britto foi governador pelo PMDB de 1994 a 1998, quando perdeu para o Olívio, do PT), na disputa contra Tarso Genro (PT) estava muito bem colocado nas pesquisas antes do início do horário político eleitoral. Sua vitória era praticamente assegurada apesar do desgaste político que acumulava. Começou o horário político e Rigotto, uma simpática novidade com apenas 3% das intenções de voto deu um salto nas pesquisas quando apareceu bem colocado contra o PT nas simulações de segundo turno. Dali em diante os votos migraram com grande velocidade de Britto para Rigotto, novo virtual candidato forte contra o PT.


Nas eleições de 2004, que tiraram o PT do comando da capital, acabando com uma hegemonia de 16 anos, todas as forças políticas se uniram em torno de Fogaça para vencer o PT. Aqui voto útil tem sido sinônimo de voto anti-PT. Tem muito candidato qualificado que já sentiu esta força na pele, porque não adianta ser bom, tem que ser forte contra o PT.


Os dados mostram que os votos migram no RS, a chamada volatilidade eleitoral, mas entre blocos de igual ideologia. Os votos de esquerda e centro-esquerda de um lado e os de direita e centro-direita do outro. Se Fogaça apoiar Dilma, será farinha do mesmo saco petista e os eleitores que não querem o PT irão buscar seu novo candidato. Neste cenário, o PDT deveria se contentar com a prefeitura de Porto Alegre e com cargos importantes no governo e ajudar a construir uma base grande de apoios. Qualquer interessado em pressionar o PMDB gaúcho pró-Dilma estará jogando contra o projeto de Fogaça ao Piratini.