segunda-feira, 26 de abril de 2010

Especulações e exercícios imaginativos...

Se o PSDB der a coligação proporcional para ter o PP e viabilizar a candidatura Yeda, o PPS corre o risco de não eleger nenhum deputado. Algumas lideranças do partido falam até em sair da coligação com Yeda. Neste caso, para onde iria o PPS em caso de coligação PSDB-PP? Para Fogaça, que elegeu prefeito e depois perdeu pro PMDB? Pro Beto, dar um fôlego para a candidatura do PSB? Ou para o PTB-DEM?

E o Beto Albuquerque? Manterá realmente sua candidatura caso o PP vá de Yeda? Acho que não. A viabilidade da candidatura de Beto sempre passou pelo apoio de uma grande legenda ao seu nome. A tendência é que vá de Tarso ou de Lara. Aposto minhas fichas em Lara, com quem, apesar do ruído causado pelo episódio da pesquisa Methodus, Beto vinha mantendo conversações respeitosas e construtivas rumo a consolidação de uma candidatura alternativa.

Neste novo cenário, onde hipoteticamente Beto se uniria ao PTB-DEM, poderíamos ter a novidade da eleição. Uma chapa de centro, competitiva, com bom tempo de TV e pluralidade representativa. E se o PPS viesse junto? Como ficaria?

A decisão política mais importante do ano, até agora, será a resposta do PSDB ao PP. Deve sair até sexta-feira. A tendência é que assim que a questão se resolva, saia nova pesquisa com o retrato do cenário. Mas não será a pesquisa definitiva a marcar o início da campanha. Esta, só veremos depois que todas as peças estiverem postas no tabuleiro eleitoral, com todas as coligações definitivamente fechadas, sabendo, definitivamente, quem será e quem não será candidato. Apenas aí deixaremos de especular...

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O Brete do PSDB e a ansiedade geral

            A lógica da eleição em dois turnos permite que os partidos que não tem candidato forte ao governo optem, no primeiro turno, por alianças para fortalecer as bancadas legislativa e federal. No segundo turno, todo mundo que tem peso político estará coligado a favor ou contra o PT, e é nesta etapa, fundamentalmente, que os espaços em um futuro governo são negociados.

            É nesta lógica que o PP está se apoiando quando apresenta para o PSDB suas condições para apoiar a reeleição da governadora.

             Como a candidata Yeda não tem grandes chances de se reeleger - não por seus baixíssimos índices (nunca vistos em um candidato a reeleição), mas por sua alta rejeição - que estabelece um teto bem baixo para seu crescimento, o PP cobra um preço alto por seu apoio e prioriza o fortalecimento de seu partido na Assembléia Legislativa e na Câmara dos Deputados e na candidatura ao Senado.

             O grande brete em que o PSDB se encontra é que tem que escolher entre a viabilidade da candidatura da governadora e a sobrevivência do partido na Assembléia Legislativa. Sem o PP é muito difícil que Yeda vá a algum lugar nesta eleição.

             Se o PSDB acreditasse tanto na reeleição da governadora dava ao PP a coligação na proporcional e depois acomodava os deputados tucanos que não se reelegerem em secretarias e outros postos de comando de governo. Mas parece que a descrença na reeleição é mútua entre as bancadas estaduais, tucana e progressista.

             A demora na definição dos caminhos do PP, trás ansiedade, não só entre os tucanos mas em todo o meio político gaúcho. O PSDB pediu um prazo maior para responder as exigências do PP. Enquanto isto o PSB e os coligados PTB-DEM aguardam a resposta tucana. O PSB porque a viabilidade da candidatura de Beto Albuquerque depende diretamente da coligação com o PP. E o PTB-DEM porque sem a candidatura de Beto Albuquerque, Lara tende a crescer mais. Tanto Beto quanto Lara trabalham para se viabilizar como Via Alternativa nesta campanha. O PTB-DEM ainda trabalha para atrair tanto o PP quanto o PSB para a coligação. Neste quadro, o cenário político gaúcho permanecerá “em aberto” até que o PSDB-PP finalizem suas negociações. Enquanto isto, os favoritos Tarso x Fogaça vão se mantendo na dianteira e cristalizando, pouco a pouco, sua tendência de vitória.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A CONSTRUÇÃO DA TERCEIRA VIA - PARTE 2

É inegável a influência que as pesquisas de intenção de voto tem sobre a escolha do eleitor. Principalmente pela forma como são publicadas na grande mídia e pelo destaque que os meios de comunicação dão para alguns dados da pesquisa em detrimento de outros. Só para se ter um exemplo, em países como a França, as pesquisas eleitorais não podem ser publicadas nas duas últimas semanas antes da eleição. Aqui são publicadas até a véspera. No caso específico do Rio Grande do Sul, devido ao perfil eleitoral do gaúcho *,  as pesquisas influenciam ao despertar um comportamento latente: a polarização da eleição entre dois blocos ideológicos, apontando quem são os dois candidatos mais fortes para a disputa, sinalizando em direção ao voto útil.

Partindo deste pressuposto, podemos assumir que toda vez que o quadro se repetir e tivermos disputas políticas divididas entre um grupo político “A” e um grupo “anti-A”, a tendência é que o apelo ao voto útil, principalmente através da utilização de pesquisas de simulação de segundo turno, influencie de forma decisiva o resultado final da eleição.
A divulgação que foi dada a última pesquisa Datafolha vem a fortalecer estes indicativos, mostrando o favoritismo de Tarso e Fogaça sobre todos os outros candidatos. Para grande parte dos formadores de opinião a eleição está para Fogaça, o único que teria “reais” condições de vencer Tarso no segundo turno. E, neste cenário, a viabilidade de uma outra candidatura alternativa, uma terceira via, estaria impossibilitada. Projeta-se assim, uma eleição de dois turnos que funciona como se tivesse apenas um turno, pois como o eleitor gaúcho não quer correr o risco de deixar seus “inimigos” chegarem ao poder, deixam de votar no seu candidato de preferência.

Mas Rigotto venceu as eleições sobre o PT, chupando os votos do desgastado Britto depois que as simulações de segundo turno o provaram viável em uma disputa de segundo turno. Rigotto teve a arrancada sustentável que uma terceira via precisa. Yeda se elegeu governadora graças ao medo deste eleitorado (anti-PT) de que Rigotto perdesse para o PT, pois apareciam com índices muito próximos nas simulações de segundo turno. Votaram em massa em Yeda achando que tirariam o PT e tiraram Rigotto. Os votos migraram entre candidatos do mesmo bloco ideológico para candidatos que não eram os favoritos meses antes do início do HPEG. O imponderável acontece.

Quem pensa que esta eleição já está definida engana-se ou não está vendo as pesquisas com a profundidade que elas merecem. Nunca antes houve uma eleição tão propícia para a construção de uma candidatura alternativa. Tarso tem o eleitorado cativo da militância petista mas dificuldades de penetração no restante do eleitorado gaúcho de centro-direita. Fogaça tem o ônus e o bônus de ter administrado a capital por 6 anos. Yeda tem uma rejeição histórica e ainda está latente, na cabeça da população, os acontecimentos polêmicos ocorridos em sua gestão. E a insatisfação da população com os “atores” políticos que tem lhes sido apresentados está presente nas pesquisas.

Na Methodus encomendada pelo PSB-RS e publicada em 22 de março, 35,4% dos eleitores se manifestaram saturados com as candidaturas postas e ansiando por um novo nome em que possam depositar sua confiança e seu voto (ver tabela abaixo). Nesta mesma pesquisa 66,3% dos eleitores disseram não ter voto definido, podendo mudar de opção até o dia da eleição (ver tabela abaixo). 73,2% não tinham nenhum nome na cabeça na pesquisa Espontânea, onde os nomes não são apresentados ao eleitor. Na Datafolha publicada pela RBS no dia 4 de abril, o índice de eleitores que não pensam em ninguém para votar na pesquisa espontânea, é 74%. Nos cenários apresentados com os nomes, o índice de Não Sabe + Nenhum/Branco/Nulo fica em torno de 20%. E isto que diversos nomes de “candidatos não oficiais” estavam postos nos cenários, diluindo os votos.

Neste cenário tudo permanece indefinido. O eleitorado não é cativo, salvo o caso específico dos militantes partidários os votos estão aí para serem conquistados. Continuar martelando na cabeça dos eleitores que o pleito é entre Fogaça e Tarso é um desserviço que a grande mídia faz para a democracia. Seria mais correto dizer nas manchetes que 74% dos eleitores ainda não tem um nome na cabeça, ou que 35% querem uma alternativa para o que está sendo colocado.

A partir da semana que vem e até o final de abril serão conhecidos os candidatos que permanecerão na disputa do Piratini e suas respectivas coligações. Deste momento em diante é que realmente começa a campanha, que tem seu ápice no HPEG e na campanha de rua.

Pelo que está sendo apresentado até o momento, a coligação PTB x DEM cuja tendência é se viabilizar dia 12 de abril, com o nome de Lara encabeçando a disputa, dará trabalho extra para os que gostariam que a eleição já estivesse decidida. As pesquisas que mostraram os índices de Lara até o momento mudarão depois que a coligação com o DEM estiver fechada. O candidato deverá ter de saída, em torno de 7%. Com apenas 5% de rejeição e o maior espaço de TV - 6 minutos - temos aí uma potencial candidatura alternativa. Dará palanque para Serra no Estado e trará, sem dúvida, um discurso de renovação. Se acertar no discurso, poderemos ter surpresas nesta eleição.

METHODUS

DECISÃO DE VOTO

Em relação às suas escolhas, você diria que:

Já está decidido, e é muito difícil que mude de opinião - 33,7%

Está quase decidido, mas pode mudar de opinião - 28,3% >

Não se decidiu ainda, e é bem provável que mude de opinião - 14,9% >>> 66,3 %

Não tem nada de decidido, essa é apenas uma opinião inicial - 23,1% >



ALTERNATIVA DE MUDANÇA

Antes de Yeda, o PMDB e o PT governaram o Rio Grande do Sul. Pensando no futuro e nas mudanças que o Rio Grande precisa, você diria que a melhor alternativa para mudar o Estado é:

Uma alternativa nova, diferente de Yeda, do PMDB e do PT - 35,4%

A volta do PT para o Governo do Estado - 31,2%

A volta do PMDB ao governo do Estado - 19,4%

Yeda continuar no governo do Estado - 14,1%

* polarizado antes pelos blocos PTB x Anti-PTB (Noll & Trindade) e hoje pelo voto PT x anti-PT