segunda-feira, 28 de junho de 2010

Descoordenação de campanha

A função de uma coordenação de campanha presidencial também passa por aconselhar politicamente o candidato, colocando-o a par da situação nos estados, fazendo a leitura dos cenários e costurando as decisões com os aliados. Neste sentido, os problemas de coordenação de campanha de Serra são visíveis. Ao demorar para assumir a candidatura e selar os apoios nos estados, deixou de arregimentar fortes cabos eleitorais e importantes aliados. Desdenhou alguns e preteriu outros. Perdeu palanques. Até o dia da convenção não tinha vice, e, neste fim de semana, arranjou um sem consultar o DEM, principal partido aliado que deu sustentação histórica para o PSDB nestes últimos 16 anos.

Rasteira Política

Álvaro Dias não é um nome ruim para a coligação. Talvez, se a indicação tivesse sido construída junto com o DEM seria bem vinda, visto que Dias tem sido um dos prinicpais opositores do governo Lula no senado. Mas a forma como seu nome foi apresentado, passando por cima do DEM, é injustificável e deixa exposta a má condução política do processo. Ficou parecendo uma rasteira política. Como se o DEM estivesse sendo desdenhado porque, aos 45 minutos do segundo tempo, não tem opções, não tem para onde ir. Por mais que revide e peça "guerra", faltando 2 dias para o prazo final, fica difícil que o DEM realmente rompa a coligação. O ocorrido levou a reflexão e recebeu do deputado Caiado a seguinte frase: "se na campanha já nos tratam assim, imagine depois".

Lição aprendida

Aqui no RS o DEM aprendeu, a duras penas, o que é uma relação que já começa mal na campanha, com a coligação que elegeu a governadora Yeda. O DEM foi parceiro de todas as horas, e o responsável pela viabilização da candidatura de Yeda, quando nem o PSDB a queria candidata. Depois do segundo turno, quando os grandes partidos vieram se integrar na coligação "Todos Contra o PT", o DEM foi desdenhado e isolado, culminando na famosa relação, em eterna crise, Yeda-Feijó.

Papel do Vice

Muito se fala que o vice não faz diferença, que não faz voto, que ninguém vota em vice, que o papel não é expressivo. Não posso concordar com isto. Depende do vice e do perfil da eleição. O vice tem o seu papel, importantíssimo, na construção da aliança e na construção da imagem política da coligação. Ou ele agrega ou não agrega. E é como em um casamento, ou sua indicação é fruto de uma construção coletiva, decisão dos parceiros, ou ele é a demonstração de como será toda a relação, sem espaço para DR.

Ibope

Aqui no RS o Ibope deu Tarso 37%, Fogaça 30%, Yeda 11%. Tem quem acredite que Tarso pode ganhar no primeiro turno se os oponentes vacilarem. Fogaça não tem espaço para erro nesta campanha. A neutralidade afirmada em relação ao cenário nacional alivia a pressão por ora, mas ali adiante, pode ser um limitador de discurso de campanha. Fogaça ficará de mãos amarradas e não poderá tecer críticas ou fazer comparações mais fortes entre sua administração e a do PT. Imaginem em um segundo turno contra Tarso.

Quanto a Yeda, lá em baixo, com 11 %, apesar dos 3,2 milhões investidos em publicidade nas últimas semanas. Tem campanha de primeiro turno que não arrecada tudo isto.



No RS o comitê "supra"partidário ainda não disse ao que veio, mal elaborado desde o momento de fundação, ao colocar um candidato do PSDB na coordenação.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Comitê Suprapartidário


O deputado Ruy Pauletti diz que o comitê suprapartidário de Serra não terá ligação direta com a campanha de reeleição da governadora Yeda, mas uma atuação “entrosada”. Ora, se o comitê se pretende suprapartidário pró-Serra deve ser completamente independente da campanha de Yeda, ou corre o risco de não vingar. Um comitê suprapartidário deve ser neutro em relação às eleições para governo do Estado. Neutro e colegiado. E quem o conduzir não deve ter função alguma na campanha pela reeleição da governadora. Ou parecerá que estão tentando atrelar uma coisa a outra. Até porque daqui a pouco o PTB-DEM-PPS conseguem viabilizar um novo palanque pró-Serra.

Outro palanque

Este possível outro palanque pode ser o diferencial que estava faltando nesta eleição, trazendo o fato novo ao cenário gaúcho. O RS é estratégico na disputa nacional e é do interesse de Serra ter mais um palanque, que Fogaça não pode dar por causa da aliança com o PDT, pró-Dilma. Como Yeda tem um teto de crescimento que esbarra em sua rejeição, que só tende a se confirmar no momento em que o HPEG começar a reavivar a memória dos gaúchos sobre os fatos ocorridos em seu governo, Serra precisa se precaver para não correr o risco de ter um segundo turno no RS só com alianças pró-Dilma. A tendência é que, assim que o fato se confirme, a candidatura Lara saia fortalecida no processo.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

PDT força a barra e erra a mão

Fiquei pasma com a informação de que Lupi ameaçou romper a aliança porque peemedebistas abriram apoio a Serra. Dilma quer apoio à força? Pega até mal.
Lupi desconhece a realidade histórica do PMDB no RS. Beira o ridículo querer obrigar alguém a apoiar alguém. PMDB nunca foi PT no RS. Nem será. Pode tentar fingir, mas seus militantes não engolem.
E a artimanha do senador Simon querendo fazer moção de candidato próprio... Uma hora PMDB vai ter que sair da moita e dizer pra onde vai.
Fogaça será o maior prejudicado por uma obrigatoriedade de apoio a Dilma. Já está sendo. Melhor que o PMDB-RS ficasse neutro.
Já coloquei diversas vezes aqui que o RS é prioritário para Serra e Dilma. Agora que Dilma subiu nas pesquisas, graças a propaganda política irregular, Serra precisa, mais do que nunca, de um palanque. E para Serra é melhor ter um palanque com 5% de rejeição do que um que varia de 36% a 55%, dependendo do instituto de pesquisa.
Outro fato é que por mais que os deputados do PMDB e seus militantes simnpatizem com Serra, este não subirá em palanque com Fogaça. Aí seria demais para o PDT. No máximo Serra conseguirá a neutralidade de Fogaça. E isto é ruim pro Fogaça. Será muito questionado sobre o tema. Gaúcho é povo de opinião, não gosta de murismo. E a impossibilidade de Fogaça construir um discurso mais contundente e alternartivo ao PT é bom pro PT e pra Dilma. E não pro Serra. Quando estas questões começarem a ser levantadas durante o HPEG e quando o primeiro turno começar a pegar fogo é que veremos o tamanho real do estrago que será pro PMDB.
E outra, segundo turno com dois palanques pró-Dilma no RS? Não creio. Se der Fogaça, os outros partidos que vierem se juntar a ele, contra o PT, não aceitarão. Enquanto isto, muito acertadamente, PTB-DEM e PPS trabalham para ser o segundo palanque do Serra no Estado. Serra merece uma alternativa. E se vingar, a frente pela renovação PTB-DEM-PPS pode vir a ser a grande novidade desta eleição. E uma alternativa real para os eleitores.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

coligações, conversas e gratidão política

BRASÍLIA
A reunião do presidente Estadual do PP, Pedro Bertolucci, em Brasília, com o tucano Sergio Guerra permite diversas reflexões. O PP pode acabar coligando por decisão nacional. O que isto quer dizer? Se esta coligação for do tipo imposta, de cima pra baixo, soará como se Yeda tivesse conseguido "curvar" os progressistas a aderirem a sua reeleição, sem ter preenchido as pré-condições estipuladas para tanto. E isto soará amargo para muitos. O que mais chama a atenção neste quadro é que a maior interessada, a governadora Yeda, não age como protagonista no processo de construção da aliança com o PP. Delega a outros o que seria mais simpático e teria maior valor se feito por sí própria.

GRATIDÃO?
Parceiro responsável pelo salvamento do governo Yeda, nos seus dias de piores índices de popularidade, o PP também foi responsável, junto com o PMDB, pela blindagem da governadora durante uma CPI que poderia tê-la tirado do governo. Além disto, se hoje Yeda tem boa relação com os prefeitos do interior isto teria sido impossível sem o trabalho do ex-secrteário de relações institucionais, Celso Bernardi. A re-construção de boas relações do governo com os demais poderes também passou pelas mãos experientes do ex-chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, figura expoente das mais importantes na melhora da imagem do governo neste último ano.

RECIPROCIDADE
É impossível não perceber que entre os partidos que compunham a base aliada o PP tem tido tratamento diferencial. O PMDB tem candidato próprio e nunca foi hostilizado pela governadora em relação aos cargos que detém no executivo. Tampouco o PTB, que também tem pré-candidato. O PP teve todos seus postos de comando no alto escalão transferidos para outros partidos, suas indicações ignoradas e suas outras indicações, para o segundo e terceirto escalão, permanecem no freezer desde antes da decisão da executiva do PP pela obrigatoriedade da proporcional. Ao que se deve esta diferença de tratamento?

SERIA ÓBVIO
Quando se quer alguém de parceiro, ainda mais para um projeto de reeleição que esbarra em quase 55% de rejeição e deve ter um teto de crescimento de 15% de votos, as boas tratativas, a reciprocidade e o cumprimenrto dos acorodos firmados deveraim ser a tônica do processo. Ñão deveria haver lugar para revanchismos, demonstrações de força ou retaliações.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Boatos, denúncias, pesquisas e coligações

Os boatos de que Lara (PTB) retirará a candidatura ao governo do Estado parecem responder a um timing perfeito: o momento em que o PP está revendo suas estratégias de coligação e em que o próprio presidente Bertolucci afirma que o PSDB perdeu a preferência. Na verdade muito mais do que ajudar a atrair o PP para um grande bloco PTB-DEM-PSB, as notícias que dão conta dos "rumores"de que a saída "honrosa" de Lara já estaria sendo articulada, pelo próprio Zambiasi, atrapalha a atração dos progressistas. Como também atrapalham os motivos alegados, todos desconstrutivos, usados para justificar a possível retirada "estratégica" da candidatura. Por fim, ao sinalizarem que Lara não hesitaria em jogar a toalha por causa do "desgaste" do partido, dão dimensão e importância extra às "denúncias" do MP contra "membros" do PTB. O que mais surpreende é que o próprio Lara e seu partido negam esta possível retirada de candidatura. Seria fogo amigo?

A quem interessa o zumzumzum da retirada da candidatura de Lara? Aos principais concorrentes interessados e a todos aqueles que não querem ver novidade nenhuma nesta eleição que possa mudar a polarização que se instalou no Estado e que obriga cerca de 35% do eleitorado a votar no menos pior. Coincidentemente, hoje, o PMDB publica declarações contundentes de que quer ter o PP junto a Fogaça.

Esta eleição sem o Lara ficaria restrita a Tarso, Fogaça e Yeda com seus 55% de rejeição. 

Ademais, uma coligação PTB-DEM-PSB com Beto na cabeça de chapa me perece ter bem menos abrangência eleitoral do que se for encabeçada por Lara. Beto, queira ou não queira, por ser do PSB - Partido Socialista Brasileiro, habita bem mais a esquerda do espectro político do Estado, enquanto o PTB já está, bem como o DEM, bem mais ao centro, desde suas respectivaas refundações. Nestes momentos é bom lembrar como se comporta o eleitor gaúcho, cujos votos não apresentam volatilidade ideológica, apenas migram entre candidatos do mesmo bloco. E isto é científico, por mais que os candidatos queiram insistir que os eleitores não tem ideologia. Neste contexto, é muito importante de salientar que Beto vai de Dilma no primerio turno, enquanto o PTB e o DEM vão de Serra no estado. Este apoio ao Serra é que ajudará a candidatura Lara a "retirar" votos de Fogaça e Yeda, caso venha a apresentar o potencial de crescimento e arrancada necessários à viabilidade da construção da terceira via. Com Beto isto não acontecerá pois sua candidatura tem o viés de esquerda, mesmo que moderada, e não tira votos de Yeda e Fogaça.