terça-feira, 16 de março de 2010

COMPORTAMENTO ELEITORAL NO RIO GRANDE DO SUL

            Noll e Trindade (2004), analisam as estatísticas eleitorais no Rio Grande do Sul, de 1823 a 2002, e identificam um perfil político singular no Estado, em comparação com o resto do Brasil, com estabilidade e coerência de padrões eleitorais e valorização consistente dos partidos políticos. A causa desta singularidade seria a fronteira com os países do Prata, e entre as principais influencias platinas, a autonomia política e a polarização partidária: “a tradição bipartidária nos aproxima do Uruguai e da Argentina, a ocupação tardia nos afasta do poder central ao longo do século XIX, a experiência positivista republicana castilhista nos coloca como modelo sui generis” (NOLL & TRINDADE, 2004, p.10). Sobre o padrão platino de polarização partidária, como exemplo os “federales” e “unitários” na Argentina e os “blancos” e “colorados” no Uruguai, no Rio Grande do Sul no período pós-45, sobressai-se o confronto PTB e anti-PTB onde, o crescimento do PTB provocou como reação uma aglutinação, cada vez maior, de forças anti-PTB. Esta polarização coexistia com o sistema multipartidário e durou de 1947 a 1962.

            Em relação à polarização, na análise dos pleitos entre 1950 a 1962, “Esta dicotomização se observa em todos os níveis de eleição – majoritárias ou proporcionais – em questões locais ou nacionais, onde predomina a disputa entre populismo (PTB) e conservadores liberais (PSD, UDN, PL)” (NOLL, 1995, p.54). Segundo Noll (1995) Xausa e Ferraz já haviam detectado esta tendência em 1981 quando identificaram a vocação histórica do sistema partidário gaúcho para o bipartidarismo, se referindo ao período de quase 20 anos na política gaúcha onde predominou o confronto básico PTB/anti-PTB. Noll observa que os momentos de derrota do PTB correspondem a situações onde vários partidos identificaram-no com inimigo comum e, esquecendo divergências, se uniram como única forma de vencer o PTB. Foi o caso da Frente Democrática e da Aliança Democrática Popular, em 1954 e 1962.

             Sobre a vocação para o bipartidarismo Noll (1995) salienta que no período do regime autoritário militar as forças PTB e anti-PTB se aglutinaram entre a Arena e o MDB, mantendo o confronto político. O MDB aglutina as forças trabalhistas e a ARENA a coligação anti-PTB. O confronto trabalhistas x Conservadores-liberais dura todo o regime militar. O mesmo perfil dicotomizado prevalece no pós-64, com o MDB-PMDB e ARENA – PDS – PFL: “Considerando-se, pois, os padrões e tendências do comportamento eleitoral nas quatro décadas do pós-45, há que se reconhecer que a matriz polarizada tradicional mantém-se, em grande medida, inalterada” (NOLL & TRINDADE, 2004, p. 109)

Entre o período de 1986-1994, Noll e Trindade (2004) mostram um quadro onde PMDB, PDT e PT dividem um eleitorado de centro-esquerda, enquanto o grupo de tendências mais conservadora-liberal fica com 30% dos eleitores. Entre 1994 a 2002, começa a se formar um bloco anti-PT, respondendo ao rápido crescimento do Partido dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul.

Portanto, atualmente podemos ver a polarização partidária tradicional na disputa PT x anti-PT. O apelo ao voto útil estaria apenas canalizando o padrão platino de comportamento eleitoral, onde esquerda e direita aglutinam eleitores. Neste caso, o eleitor racional que pratica o voto útil, deixando de votar no partido que prefere para votar no que tem mais chances de ganhar está votando para evitar a vitória do partido ou bloco que ele considera pior. A alternativa “b)” descrita por Downs (1957) quando expõe as três variações do comportamento eleitoral racional em um sistema multipartidário é a que melhor descreve o quadro:

Num sistema multipartidário, estima o que crê serem as preferências de outros eleitores; daí age do seguinte modo:
a) Se seu partido favorito parece ter uma razoável chance de vencer, vota nele.
b) Se seu partido favorito parece não ter quase nenhuma chance de vencer, vota em algum outro partido que tenha chance razoável, a fim de impedir que vença o partido que menos apóia.
c) Se é um eleitor orientado para o futuro, pode votar em seu partido favorito mesmo se parecer que ele quase não tem chance de vencer, a fim de melhoras as alternativas abertas a ele em futuras eleições. (DOWNS, 1957, p. 70)


Um comentário:

  1. A Governadora Yeda Crusius está ditando os resultados das próximas eleições elegendo o Prefeito Fogaça Governador do Estado. Nas eleições passadas Yeda Crusius teve o decidido apoio de setores importante da Ordem Maçônica local pois trata-se de filha de Ilustríssimo Maçon de grande influência e serviços prestados no eixo São Paulo - Minas gerais, portanto é uma "sobrinha". Alertados sobre o fato, seus concorrentes investem pesado com extrema habilidade na tentativa de neutralizar e redirecionar algumas acertivas. Tarso Genro, desconhecendo a ritualística e estando mal assessorado continua com timidas incursões de seus partidários que não conseguem desfazer as impropriedades do então Secretário de Justiça Bisol. A ironia do fato é que tanto Yeda, já beneficiada anteriormente, como Tarso são os que alimentam as pretensões dos seus concorrentes neste importante Setor. O primeiro por não ter contabilizado e continua a não contabilizar o fato e o segundo pelo desconhecimento, apostar em atitudes erroneas e equivocadas estabelecendo tratados fadados ao insucesso, os dois, então, pavimentando a tranquilidade do Prefeito Fogaça ao Piratini. Em todas as áreas da vida existem seus "profissionais" que não se iludem com promessas e discursos para os quais não passam de um arranjo agradável de vogais e consoantes mas que conhecem sim e muito, das realidades do seu setor, e éssas realidades se confirmam vez após outra.

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