Escrevi neste blog, no mês de março, sobre as dificuldades que o preesidente estadual do PP, Pedro Bertolucci, teria se mantivesse inflexíveis as condições para que o partido coligasse no primeiro turno: “PP e Yeda - Com a quantidade de exigências feitas (o PP) só tem um caminho disponível: a candidatura Beto Albuquerque. Só que, neste caso, o PP precisará que Beto componha com outras forças políticas para aumentar seu tempo de TV. Caso contrário, com programa nanico, fica difícil vender candidatura ao Senado, ou seja lá o que for. Os Tucanos rechaçaram a coligação com o PP na proporcional. Sofrem de excesso de autoconfiança e parecem esquecer-se que sem o PP, principal partido de sustentação de Yeda, a candidatura da governadora corre o risco de naufragar.” Mantenho tudo o que escrevi.
MOTIVO REAL
Penso que estas exigências só foram criadas por dois motivos. O primeiro porque o PP estava no governo Yeda, usufruindo de todas as benesses do poder e não tinha candidato próprio. O que seria o caminho natural a seguir? Continuar com a governadora. Mas, como a candidatura de Yeda a reeleição não aparece nas pesquisas como uma opção competitiva, Bertolucci resolveu privilegiar o fortalecimento da bancada progressista no primeiro turno, e criou (sozinho) as três exigências. O segundo motivo era a simpatia pessoal do presidente Pedro pelo candidato Beto Albuquerque. Todos que entendem alguma coisa de política sabiam que os deputados estaduais do PSDB não poderiam dar a proporcional ao PP, fato que se confirmou. E não adianta vir com cálculos matemáticos virtuais. Qualquer pré-candidato responsável trabalha com os números das últimas eleições para fazer projeções. O veto não foi do PPS. O fator PPS nem pesa tanto, pois a decisão da bancada do PSDB já estava tomada. E a coligação não sai nas condições propostas.
CONDIÇÕES EXCLUDENTES
Se as condições foram criadas para manter Yeda à distância, pois havia o desejo pelo novo e a simpatia pessoal do presidente a apoiar Beto Albuquerque, agora Bertolucci está na posição que queria. Mas com a oposição de grande parte de seu partido.
Ele não pode relativizar agora as pré-condições porque depois de todo este desgaste com Yeda e o PSDB, sairia desmoralizado. Fogaça, a candidatura mais competitiva e a única que faria sentido o PP trocar por Yeda (porque ninguém troca o governo que está por outro candidato que aparece em quarto ou quinto lugar), também esbarra nas três condições de Bertolucci. O Presidente ainda faz questão de afirmar que o PP teria “problemas” históricos no interior para coligar com Fogaça. Causa estranheza esta colocação. Esquece que o PP esteve com Britto, esteve com Rigotto. O PP nunca esteve com o PT em um segundo turno. Beto estará com o PP no segundo turno. Rivalidade histórica é o que os progressistas têm com os socialistas de Beto.
O PTB, que já está coligado com o DEM, ofereceu as três condições ao PP, e tem tempo de TV. Mas, coincidentemente, nesta semana tão decisiva para as coligações, o MP lança suspeitas sobre o PTB, no caso da morte de Eliseu Santos, sem dar nomes, tornando o partido a bola-da-vez no ciclo de denúncias que são dadas como sentenças. Neste quadro, o PTB, mesmo sendo a melhor opção para coligação com o PP, dentro das exigências propostas, tende a ficar em último plano, pelo menos até que as sombras se dissipem.
CADÊ A BÚSSOLA?
Parece é que o presidente do PP colocou o partido em uma situação muito delicada, onde sua “única” opção não é de longe uma unanimidade ou uma opção ideal. O nome de Beto não une o partido e não tem tempo de TV para Ana Amélia Lemos - a única candidatura majoritária que o PP tem e sua prioridade máxima. Dentro deste quadro, há quem diga que “voltou tudo a estaca zero” e que o PP precisa “recomeçar o jogo”. Mas já estamos em maio.
Tem progressista defendendo candidatura própria a majoritária. Têm outros defendendo que o partido vá sozinho. Na verdade o partido está sem um norte, mais dividido do que nunca. Bertolucci, que foi eleito por consenso, em um processo onde vários nomes retiraram suas candidaturas para que o partido se unificasse, acabou por rachar o partido de vez. O maior partido do Rio Grande do Sul vai precisar deitar no divã, após estas eleições, para tentar descobrir o que quer do seu futuro, em um processo de cicatrização de feridas e busca de autoconhecimento. Ou não tem bússola que ajude.
SÓ UMA OBSERVAÇÃO...
Causa perplexidade o fato de Serra vir ao Estado e ter agenda preparada pelo PMDB. Causa perplexidade saber que Serra tem apenas uma agenda com a governadora Yeda, na Federasul. Causa perplexidade na militância do PSDB e para os leigos. É fato que o RS é estratégico para a eleição nacional. É fato que Serra corteja o PMDB porque não pode se dar ao luxo de ver dois candidatos pró-Dilma no segundo turno.
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