terça-feira, 30 de março de 2010

A Construção da Terceira Via - parte 1

A Terceira Via não é sinônimo de terceiro lugar nas pesquisas. A Terceira Via é um caminho alternativo, uma opção além de A e B. Pode estar em terceiro, quarto ou quinto lugar na largada de uma eleição. Isto não importa. O que importa é a capacidade que a Terceira Via demonstra, durante a campanha, de agregar eleitores descontentes com A e B, além, é claro, de mostrar poder de arranque, sem o qual nenhuma Terceira Via torna-se viável.

Portanto, em primeiro lugar, é indispensável que exista uma predisposição para o surgimento de uma terceira via, ou seja, um percentual grande de eleitores que já estão saturados do caminho A ou B. Em segundo lugar, mas não menos importante, vem o poder de arranque de uma candidatura.

Se o seu candidato preferido ainda não tiver se mostrado competitivo, chegando perto dos primeiros colocados, o eleitor o trocará, sem dúvida, pelo menos ruim, em sua opinião. Ou seja, vota contra A ou B. No Rio Grande do Sul tem sido o voto a favor ou anti-PT que tem prevalecido, polarizando as eleições. Mas se o candidato tiver demonstrado crescimento sustentável, pesquisa após pesquisa, o eleitor aposta na terceira via, esvaziando uma das duas candidaturas principais. Deste momento em diante o “candidato” passa a atrair votos de outros candidatos, como se tivesse um campo gravitacional próprio. E sua candidatura torna-se forte e viável.

Por que o poder de arranque é tão fundamental para a construção de uma Terceira Via? Porque o eleitor não desperdiça voto. Nem no primeiro turno. Por este motivo é que cerca de 30% dos eleitores define seu voto nos últimos dez dias de campanha, e usa as pesquisas de opinião para balizar suas “apostas”. Por isto as pesquisas de simulação de segundo turno são tão poderosas, porque elas antecipam o cenário final e mostram as chances reais de vitória de A ou B. Ou seja, tem que haver predisposição no eleitorado, tem que haver saturação das alternativas A ou B e tem que haver crescimento sustentável da candidatura, para criar a percepção de vitória e mobilizar o restante dos eleitores.

Esta lógica do eleitor é universal. Não precisa ser alfabetizado, não precisa ser politizado. É só ter as noções básicas (as chaves explicativas) de quem é A ou B, e muitas vezes estas noções básicas são construídas na mídia e pela mídia (CRP’s). Por isto, quem controla a agenda e a informação pode construir ou destruir uma candidatura, pois é a percepção de uma candidatura que conta, muito mais do que os fatos em sí. E quando uma campanha sabe trabalhar bem todas as formas de comunicação e entende como é elaborada, pela opinião pública, as chaves explicativas que atuam na formação da preferência do eleitor, tem chances reais de vencer uma eleição. Mesmo que esteja em penúltimo lugar no início de uma campanha. *

O “saber posicionar um candidato” é o passo mais importante no lançamento de uma candidatura. E para isto a pesquisa é indispensável. A quantitativa para mesurar as demandas da sociedade, onde estão as maiores lacunas e onde estão os sucessos das atuais administrações. A qualitativa para avaliar a imagem do candidato em si, seu potencial de crescimento e seus pontos de rejeição. Saber todos os prós e contras, desde o início, do seu candidato e das outras candidaturas, é indispensável. E trabalhar a comunicação da forma o mais simples e direta possível.

Normalmente as chaves explicativas, usadas pelos eleitores para justificar suas escolhas e para formar a imagem mental que tem dos candidatos são construídas com apenas dois ou três elementos discursivos. Estes elementos são captados dos meios de comunicação – jornais, programas de rádio, TV, emails, torpedos, mídias digitais -; de conversas com amigos e familiares ou do contato pessoal direto ou indireto com o candidato.

As informações são aceitas ou rejeitadas conforme predisposição existente no eleitor, suas experiências de vida, sua experiência eleitorais prévias, como vê o meio político e seus atores. A opinião, quando não radical e ideológica, pode ser contaminada e mudar. Em caso de existir uma opinião ideológica estruturada, a escolha pode se afastar ou se aproximar de candidato A, B ou C desde que sua opção permaneça dentro do bloco ideológico X.

Portanto, tirando o eleitorado cativo de partido A ou B, todos os outros votos estão disponíveis no mercado eleitoral. Até que o horário político eleitoral gratuito e a campanha de rua comecem. E as pesquisas estão aí para mostrar que mais de 35% dos eleitores querem uma nova opção na política.

* vide a campanha de Rigotto e as pesquisas que souberam identificar a saturação do eleitor e balizarm a construção do discurso VIPOLU – vibrante, popular e luminoso (sic!)

Um comentário:

  1. Nesta eleição nacional e gaúcha não há mais lugar para uma terceira via.
    No RS sempre polarizado e algumas espacadas pela terceira via, Rigotto e Yeda, não há nada no horizonte para esta possibilidade na atualidade.
    Adeli Sell, vereador e presidente do PT-POA

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